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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Brasil perde mais um Griot: Mestre Messias (1942 – 2011)


 
28/02/2011 por André Luís Câmara 

No fim da tarde de sábado, 26 de fevereiro, Messias dos Santos bebeu sua última cerveja no Bar do Gomez, em Santa Teresa, bairro onde morava e se tornou espécie de personagem folclórico. Mestre Messias, como era conhecido, costumava ali ser constantemente fotografado por turistas curiosos com a elegância extravagante de seu chapéu por ele mesmo pintado. Poderia ter sido mais uma tarde de sábado em que teria falado de suas canções, seus quadros, do CD gravado com a participação carinhosa de tantos músicos que o admiravam. Mas,
poucas horas depois, o Mestre morria na companhia do amigo que, nos últimos anos, o acolhera com um lugar para morar.

Natural de Cataguazes, em Minas Gerais, vivia dizendo que voltaria para lá. Pensando nessa possibilidade pintou o quadro Pedacim de trem, que retrata a estação ferroviária da terra natal e do qual resplandece um amarelo carregado de muita vida. Nunca conseguia dinheiro para realizar o retorno à Cataguazes. Contava sempre com os amigos que gostavam de sua música e sua pintura e com eles trocava ideias pelas esquinas do bairro que amava. Foi assim, por exemplo, que a Casa Áurea tornou-se ponto de referência para apreciadores de seus quadros. Assim também fez parte da recente exposição do fotógrafo Ricardo Beliel, que clicou perfis de pessoas carcaterísticas de Santa Teresa. E assim foi filmado por Cecília Lang no documentário Messias dos Santos,
delicadamente nobre.

André Cunha, Pedro Lima e Cristina Bhering são apenas alguns dos muitos músicos que sempre o acompanharam em canjas dadas em bares como Simplesmente e Marcô. Acalentava a esperança de ver lançado seu primeiro CD, produzido pelo alemão Michael Sexauer, que traz canções feitas na década de 1960, no período em que viveu em Juiz de Fora, e outras dos anos 2000, como o saboroso samba Negro carioca. Caberá a Michael lançar postumamente esse tributo ao Mestre que reúne, entre outros, Tomás e Gabriel Improta, Robertinho Silva, e até um coro de crianças que remete ao antológico Minas, de Milton Nascimento.


Ao saberem de sua morte, amigos emocionaram-se num brinde ao Mestre, na esquina do Bar do Gomez, e lembraram sua obra-prima, Jongo diminuto e uma canção que diz assim: “…pra te encontrar na madrugada/ e te guardar dentro das cores”. Marcos Nogueira, o Marquinhos das marionetes, reconhecido pelos
maravilhosos bonecos que faz de Cartola, Tim Maia, Raul Seixas, Gilberto Gil, entre outros, se lembra da época em que morou com Messias, em dias de completa pindaíba. “Certa vez ele vendeu um quadro. Chegou em casa e falou: ‘agora é nós’! E fomos jantar fora e beber pelos restaurantes de Santa Teresa durante alguns dias, até o dinheiro do quadro acabar”.


Messias dos Santos era assim. Ao partir para a Eternidade, aos 68 anos, dele ficam um chapéu, um sorriso e uma herança de cores, acordes e versos. Valeu, Messias! Agora é nós!
FONTE: http://andreluiscamara.wordpress.com 
 


  S.Martins 

Território quilombola completamente inundado

EcoDebate 

Relatório sobre impactos da Transposição do Rio São Francisco é lançado em Recife


A comunidade quilombola Cupira, localizada no município de Santa Maria da Boa Vista, sertão pernambucano, terá o seu território completamente inundado em consequência da construção da barragem de Riacho Seco, uma das obras que integra o grande projeto de transposição do Rio São Francisco. Ainda que as obras de construção da barragem não tenham sido iniciadas, as 250 famílias que formam a comunidade – que ainda luta para ter o título de seu território -, já sentem os impactos deste grande projeto e sofrem com a falta de informação. Os quilombolas chegaram a procurar por diversas vezes o Ministério de Integração Nacional para obter informações sobre o futuro da comunidade, mas não foram recebidos nenhuma das vezes, nem têm qualquer expectativa de quando terão seus direitos reparados.
“Essas Grandes empresas entram em nossa comunidade e nos impõe tudo, passam por cima de nosso território. Esses são empreendimentos que não vem pra trazer benefício para a população, e sim para explorar e desrespeitar o nosso direito de viver. Durante os 200 anos de existência da comunidade, não houve nenhuma preocupação por parte do governo em garantir políticas públicas que beneficiassem as famílias”. Explica a quilombola da comunidade e integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Fernanda Rodrigues.
Este, assim como dezenas de outros casos de violação dos Direitos Humanos causados pela Transposição do Rio São Francisco em comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, ribeirinhas e camponesas encontram-se sistematizados no Relatório da Missão à Petrolina e região do rio São Francisco (PE), realizado pela Relatoria do Direito Humano à Terra, Território e Alimentação, da Plataforma Dhesca. O documento foi lançado na tarde desta última terça-feira, dia 22, na Assembleia Legislativa, em Recife, e contou com a participação de diversas organizações e movimentos sociais. Durante o lançamento, o relator do documento, o sociólogo Sérgio Sauer ressaltou que “ são centenas de comunidades atingidas sem o reconhecimento de seus direitos básicos como o de auto-reconhecimento, o direito à terra e território, saúde, educação, informação, alimento e à água. É um investimento grandioso, com uma imensa quantia de recursos públicos e de capital humano para realizar uma obra que viola os direitos mais fundamentais da população”.
Sério Sauer destacou que um dos principais direitos violados é o da terra e território e o direito à informação: Muitas comunidades sabem que serão completamente dizimadas, como é o caso do quilombo de Cupira, mas não recebem informações sobre as obras que inundarão seu território e nem sequer foram ouvidas durante o processo. De acordo com a convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, todas as comunidades tradicionais que tiverem algum tipo de impacto com a construção de obras, incluindo as públicas, deverão ser consultadas durante todo o processo e serão elas que por fim decidirão se querem ou não ver alguma grande obra impactar o seu território.
Para o coordenador da CPT nacional, Padre Hermínio, que também esteve presente no lançamento, a lógica do projeto de Transposição do Rio São Francisco além de todos os fatores já colocados, é a de distribuição vertical das águas, privilegiando as grandes empresas e não garantir o abastecimento para as comunidades, para a população em geral. “Este projeto também fere a nossa cultura, as iniciativas populares de convivência com o semi-árido, o conhecimento tradicional e os territórios das comunidades tradicionais” ressaltou.
Além da denúncia de violações, o documento também pretende incidir sobre os órgãos públicos responsáveis através de uma série de recomendações que possam combater a violação dos direitos humanos. Órgãos do Governo que estão envolvidos na obra, como a Chesf, o Ministério de Integração Nacional, Minas e Energia, Iterpe e o Incra, por exemplo, além dos próprios parlamentares, foram todos convidados a participarem do lançamento, mas nenhum desses esttiveram presente na ocasião.
Informe da Comissão Pastoral da Terra – Regional NE II, publicado pelo EcoDebate, 25/02/2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pedagogia da Terra

A UFG é a primeira universidade do Brasil a direcionar um curso de Direito para um público específico, mas o de Pedagogia da Terra já é oferecido à Via Campesina por pelo menos dez instituições de ensino superior de vários Estados, além de uma especialização, em Brasília.
Elogiando o compromisso do deputado estadual Mauro Rubem com a reforma agrária e com os movimentos sociais, Edward Madureira explicou que a iniciativa representa a inserção da universidade nas políticas afirmativas do governo federal. A instituição cita como fatores que contribuem para a implantação das graduações o fato de Goiás ter uma economia baseada em atividades agropastoris e de já existir no Estado um programa de mestrado em Direito Agrário com projeção internacional.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

21 DE FEVEREIRO, DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA (informacion de Genaro Bautista y Comentario de Marcos Terena)



A globalização é um inimigo potencial das culturas, mas pode-se reverter seu efeito negativo e aproveitar sua potencialidade em favor das línguas indígenas. Eis porque indígenas e especialistas participaram da celebração do “Día Internacional de la Lengua Materna”, ocorrido no Club de Periodistas de México. Na oportunidas os debatedores manifestaram suas considerações e nálises numa perspectiva de se garantir uma política indígena e/ou indigenista fundamentada na diversidade cultural e na alteridade dos povos centrada no efetivo direito das línguas maternas como valor de identidade naciona l.

Os Deputados Federais Indígenas Mexicanos, Héctor Pedraza, Sabino Bautista, e Marcos Matías, a Promotora Cultural, Susana Harp e o Prof. José del Val Blanco, Diretor do Programa Universitario “México Nación Multicultural” da Universidade Nacional Autônoma do México - UNAM, ressaltaram que é preciso aproveitar a diversidade lingüística para empoderar os Povos Indígenas.

O Deputado Héctor Pedraza, organizador do Encontro, manifestou sua preocupação diante do risco em que se encontra 33 línguas indígenas no México e outros 21 idiomas maternos que estão em situação crítica.

Susana Harp, Promotora Cultural apontou a importancia do uso das novas tecnologías de informação e comunicação para a proteção lingüística. Ela considerou que a negação no uso da língua materna ocorreu diante do alto grau de racismo e discriminação contra os Povos Indígenas.

Já o Professor José del Val, culpou o Estado p elo risco e deterioração das línguas indígenas devido a ausência de uma sensibilidade ao reconhecimento e apoio em que se encontram, resultando um descompromisso com as sociedades originárias e um ato de abono ao etnocídio.

O objetivo é construir um México multicultural onde as línguas indígenas não sejam discriminadas mas que se dê a elas o valor que possuem para o desenvolvimento do País e dos Povos Indígenas.

O mais importante, apontaram os painelistas, durante a celebração do dia 21 de Fevereiro como “Dia Internacional da Língua Materna”, é reconhecer que as Línguas Indígenas são parte do patrimônio intangivel da humanidade.

Pedraza Olguín, outro painelista destacou a importancia dos escritores indígenas. “O despertar dos intelectuais indígenas e da escritura das suas lenguas é um dos eixos de maior relevância para o País”, destacou o legislador indígena. Com isso está sendo construido “uma nova et apa na literatura mexicana, resultando uma geração de escritores indígenas que usando sua inteligencia possibilitam hoje, aproximar o México de um rosto todavía, desconhecido”.

O também Secretário da Comissão de Assuntos Indígenas da Câmara dos Deputados, manifestou que: “O Idioma reflete a maneira de pensar de uma Pessoa, de um Povo, seus processos mentais, sua organização social, sua cosmovisão. Quando o último falante de um Idioma morre, está morto também um acúmulo de idéias, histórias do grupo social e sua comunidade”.

Ao final, todos os painelistas opinaram em comum, que a essência de uma cultura é a língua, e quando ela se perde, perde-se a riqueza da cosmovisão de todo um Povo.

Resgatar as línguas Indígenas é um Ato de Justiça, concluiram.

"No Brasil, espera-se que a data não passe esquecida e que tanto o movimento indígena como os agentes públicos se mobilizem para discutir e refletir, g arantindo o reconhecimento desse bem como patrimonio cultural brasileiro. Para esse fim, as Agências de Pesquisa e as Universidades podem contribuir efetivamente inserindo os pesquisadores indígenas em seus projetos de estudos visando à autonomia de suas organizações e o cumprimento de uma política pública relativa ao etnodesenvolvimento desses povos.
Marcos Terena - Escritor y Maestro de la Catedra Indigena"


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dossiê do samba de roda do recôncavo baiano

O samba de roda do recôncavo baiano é considerado patrimônio imaterial da humanidade desde 2005. Encontrei um vídeo feito pelo IPHAN para divulgação, com algumas imagens bem legais:

http://receitadesamba.blogspot.com/2011/02/dossie-samba-de-roda-do-reconcavo.html

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Trindade Perfeita do Folclore Goiano

Senhora Vice Presidente,
Berh Abreu;
Meus parabéns pelo trabalho. Parabéns a você, à Fátima Paraguassu e ao Bariani.
Vocês constituem a Trindade Perfeita do Folclore Goiano e não só do folclore.
Vocês são seres em evidência de muitas manifestações culturais de nosso Estado.
Goiàs reconhece e agradece pelo muito que vocês três representam para os goianos em termos culturais em geral, não só no folclore, mas particularmente também para as artes, entre elas, inclusive a literatura.
A vocês o meu APLAUSO
e o meu abraço
J.Faria

http://www.programaaplauso.com.br/produtos.asp?produto=1372

O mais novo passageiro que acabou de "embarcar" nesse "trem":


"Cumpadre" Waldomiro Bariani Ortêncio!!!
"Cumadre" Fátima Paraguassu!!!
"Cumadre" Izabel Signoreli!!!
 
É com satisfação que anuncio, em primeira mão para vocês, o mais novo passageiro que acabou de "embarcar" nesse "trem":
 
O Compositor Marrequinho!!!
 
Não é necessário dizer que a principal fonte de consulta foi o Livro Auto-Biográfico "Marrequinho - O Menino de Campo Formoso", escrito pelo próprio Marrequinho e com o belíssimo Prefácio escrito pelo Waldomiro Bariani Ortêncio!!!
 
Reproduzo também a capa do livro e menciono os três CD's de Marrequinho que tive a felicidade de receber quando estive com a Netinha em Goiânia-GO em Setembro passado!!!
 
Dêem uma olhadinha no resumo biográfico do Marrequinho, que se encontra na página dedicada aos Compositores e Poetas da Música Caipira Raiz!!! A mesma página onde se encontra também o resumo biográfico de Waldomiro Bariani Ortêncio!!!
 
Assim que possível, mostrem o resumo biográfico ao Marrequinho!!!
 
E, qualquer informação errada e/ou erro de digitação, fiquem à vontade para me comunicar, para que eu possa corrigir o erro o mais breve possível!!!
 
E, na próxima Viagem ao Estado de Goiás, Netinha e eu queremos conhecer pessoalmente e tirar fotos com o Marrequinho!!!
 
Parabéns, mais uma vez, pelo maravilhoso trabalho de todos vocês, Marrequinho,
Waldomiro, Fátima e Izabel!!!
 
Recebam mais uma vez um grande abraço de Netinha e Ricardinho!!!


 
Não perca esse trem! O site
 
 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

COMISSÃO GOIANA DE FOLCLORE: Novo Secretário é ligado à cultura popular

COMISSÃO GOIANA DE FOLCLORE: Novo Secretário é ligado à cultura popular: "Curubito Eletrônico 111 O novo Secretario de Cultura do Espírito Santo é José Paulo Viçosi. Frei Paulão, como é conhec..."

Novo Secretário é ligado à cultura popular

Curubito Eletrônico 111



O novo Secretario de Cultura do Espírito Santo é José Paulo Viçosi. Frei Paulão, como é conhecido, foi prefeito da cidade de Muqui, no sul do estado, onde entre outras ações culturais, como a recuperação do casario antigo da cidade tombado como patrimônio histórico, deu atenção especial à cultura popular.

Prefeito aprovado por duas gestões ele apoiou a reformulação do Festival de Folia de Reis, realizado desde 1950, sendo um dos mais antigos encontros de folias de reis a ocorrer ininterruptamente no Brasil, que assumiu um caráter nacional, chegando a receber mais de 100 grupos; bem como o resgate do carnaval folclórico realizado pelas dezenas de grupos de boi da cidade.

Com a capacidade gestão comprovada a expectativa é que haja uma mudança na política pública do Estado do ES, com as manifestações populares tradicionais recebendo o mesmo tratamento e orçamento dispensado aos outros campos de expressão cultural.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Está disponível na Internet

Está disponível na Internet, através do site  www.wdl.org
 
Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e
explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as
bibliotecas do planeta.
 
Tem, sobretudo, caráter patrimonial" , antecipou em LA NACION
Abdelaziz Abid, coordenador do projecto impulsionado pela UNESCO e
outras 32 instituições. A BDM não oferecerá documentos correntes, a
não ser "com valor de  patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer
melhor as culturas do mundo em idiomas diferentes:árabe, chinês,
inglês, francês, russo, espanhol e português. Mas há documentos em
linha em mais de 50 idiomas".
O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela
Web , sem necessidade de se registrarem.
 
Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas
geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as
explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo,
espanhol e português), embora os originas existam na sua língua
original.
Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas:
 
América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à activa participação da
Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria no Egipto e
à Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.
 
A estrutura da BDM foi decalcada do projecto de digitalização da
Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e
atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.
 
Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a
investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste
esse sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações
que vivem num mundo audio-visual.

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Disponíveis na internet, todas as edições do Jornal do Brasil.
Estão no ar, disponíveis na internet, todas as edições do Jornal do Brasil.

Em 30 de maio de 1965, um ano após o golpe militar, alguns músicos destemidos e de luta enfrentavam a ditadura exigindo liberdade.
Entre eles estavam: Pixinguinha, 68; Clementina de Jesus, 64; Claudio Santoro, 46; Luiz Eça, 29; Oscar Castro Neves, 25; Jorge Antunes, 23; Nara Leão, 23; Jorge Ben, 23 e Edu Lobo, 22.

Veja no Jornal do Brasil na página 5:
http://news.google.com/newspapers?id=xpUVAAAAIBAJ&sjid=6gsEAAAAIBAJ&hl=pt-BR&pg=5886%2C3871774

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A CULTURA POPULAR E AS PEDRAS DO CAMINHO

Segundo Luis da Câmara Cascudo (Grande folclorista brasileiro), Cultura popular “é a cultura tradicional e milenar que nós aprendemos na convivência doméstica. É aquela que até certo ponto nós nascemos sabendo. Qualquer um de nós é mestre, que sabe contos, mitos, lendas, versos, cantos, danças, superstições”. E, é esta cultura que carrega beleza e encantamento herdados de nossos índios, negros, portugueses, espanhóis, e árabes. Cite-se que o clássico e o erudito, invariavelmente nascem da cultura popular. E, no contexto em que a educação e a cultura são a base transformadora da sociedade, a Cultura popular é ponta-de-lança, por ser ela a geradora da “identidade cultural” de cada cidadão. E, somente cidadãos com “identidade cultural”, transformam qualquer País em Nação.

Entretanto, no Brasil, desde o nascimento da república, existe uma dificuldade de diálogo entre o Poder público e os Fazedores de cultura popular, apesar de um estar umbilicalmente ligado ao outro. Enquanto os Fazedores de cultura popular necessitam do apoio do Poder público para suprir deficiências burocrático-administrativo-financeiras no processo de produção cultural, - pois artista sabe fazer arte e não sabe mexer com burocracia -, o Poder público necessita das ações dos Fazedores de cultura popular para criar meios que ajudem na formação de cidadãos conscientes de nossa riquezas culturais. E, dentre as dificuldades encontradas pelos Fazedores de cultura popular junto ao Poder público, destacam-se: A complexidade para preenchimento de formulários exigidos nos editais voltados a projetos culturais. A excessiva quantidade de documentos exigida por estes mesmos editais. O rigor na análise dos documentos, quando por exemplo, uma assinatura esquecida tem o poder de anulação de um projeto. Os rígidos critérios utilizados pelos Analisadores, nos processo de avaliação. Sem falar, das dificuldades estabelecidas pela `Lei Rouanet` - criada para fomentar a produção cultural em nosso país -, mas que até hoje, não cumpre os objetivos em sua plenitude. Se tem peso o argumento, de que, o controle dos recursos públicos dirigidos para a produção cultural devem ser muito bem administrados pelo governo (daí a nessessidade do controle burocrático), seria também interessante que o próprio governo dispusesse de `Departamentos de suporte a serviços burocráticos`, com atendimento integral aos artistas e produtores culturais, cujos serviços seriam pagos com os recursos advindos da própria aprovação de projetos. E, isto ocorre de forma adequada em outros setores. Por exemplo, para a compra de um apartamento, a tramitação burocrática é feita por um corretor de imóveis. Para o licenciamento de um carro, a liberação dos documentos é realizada por um despachante. Porque não, para a obtenção de recursos do governo para a produção de um projeto cultural, não se dispõe de um `especialista` que acessore o requisitante, na tramitação burocrática.

Em função do exposto, percebe-se que existe a nessessidade de aperfeiçoar-se a estrutura governamental no que concerne a `Administração cultural`, no sentido de se valorizar na forma devida, os artistas e produtores culturais que lidam com a “Cultura popular”. Cultura esta, rica em diversidade, história, preservação de costumes, e encantamento. Isto tudo, com baixo custo. E, só com Artistas e Produtores culturais valorizados será possível reverter o quadro que já se estabeleceu em nosso país. Por exemplo, hoje assistimos em nossas tv`s `Reality shows`, `novelas`, e, `programas`  de nível cultural tão baixo, que por vezes, ultrapassam a linha tënue da ética e da moral, promovendo de forma rápida, a degradação e o aniquilamento do pouco que ainda resta de nossas reservas culturais. A Internet disponibiliza a informação cultural de valor. Mas, a imensa maioria do povo brasileiro não acessa a Internet para buscar informações educativas e culturais, dispondo apenas da TV como meio de informação, cultura, e lazer. E esta falta de opção é extremamente nociva. Porisso, é urgente que a reversão desse quadro ocorra logo. Senão, muito brevemente teremos um país de acéfalos. Aí sim, com prejuízos incalculáveis para a nação, cujas cobranças serão debitadas aos que hoje são responsáveis pela implantação e manutenção de políticas culturais, no Brasil.

Compete portanto, a nossa Ministra da cultura Ana de Hollanda, cuidar de nossa `Cultura popular` com uma atenção muito especial, considerando os seguintes pontos: 1 - Buscando eliminar o excesso de burocracia, potencializando (como conseqüência)   nossa produção cultural. 2 - Mantendo e aperfeiçoando os programas que capilarizam os bens culturais do nosso povo, como o Programa `Cultura Viva` e, `Pontos de cultura`. 3 - Resistindo as pressões dos grandes `nomes` e `grupos nacionais` (alguns criados artificialmente pela `Mídia’), que ocupam espaço e recursos por vezes não merecidos. 4 - Estimulando a participação de programas `folclóricos` e de `Costumes regionais` (urbanos e rurais) em nossas televisões abertas, por assinatura, e públicas. 5 - Promovendo a mistura de nossas `culturas populares`, com a criação de programas que permitam a grupos, e artistas, se apresentarem em todas regiões do país.  Percebe-se que tudo isto é possível. Mas, faz-se absolutamente nessessário, que as pessoas que acessoram nossa ministra, vibrem com o cheiro, o som, e as cores da cultura vertida a cada segundo, pelo povo brasileiro. E mais, que estas mesmas pessoas, disponham da coragem, garra, e determinação de homens como `Célio Turino`, que deu a alma em favor da funcionalidade dos `Ponto de cultura` em nosso país. É também fundamental, que os `Fazedores de cultura` e a própria sociedade não espere apenas ações do Minstério da cultura, mas que seja co-participante no processo, exercendo cidadania. Cidadania no acompanhamento e fiscalização das ações públicas do governo, na proposição de idéias e projetos, mas, acima de tudo, na atuação como agentes geradores da própria história. É oportuna a célebre frase de John Kennedy ”Não pergunte ao seu país o que ele pode fazer por você, diga o que você pode fazer por ele”.

É chegada a hora de assumirmos que um “Novo Brasil” está nascendo com perfil de país emergente. E porísso mesmo, com novos e grandes desafios que devem ser equacionados exatamente por esta geração, que ora se forma com a `educação` e a `cultura` que dispomos; sendo esta a razão maior de nossa inquietude. Urge então, que mudemos nossos velhos paradígmas. Que finalmente, passemos a tratar a educação e a cultura como prioridades absolutas. Que ensinemos aos nossos filhos e netos, que os nossos valores culturais estão prontos para serem descobertos e cultivados. Enfim, que busquemos alternativas para a construção de uma sociedade mais humana, educada, e, culta, que seja motivo de orgulho para as gerações vindouras.



Autor                       : Bosco Maciel

Ocupacao principal: Poeta, Folclorista, Cantador, Produtor cultural e Criador da Casa dos cordeis

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Décimo Encontro Folia de Reis de Goiãnia

O CRAVO NÃO BRIGOU COM A ROSA


Luiz Antônio Simas
Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais “O cravo brigou com a rosa”. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa/debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada".
Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que “O cravo brigou com a rosa” faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro? É Villa Lobos, cacete!
Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/Tá com a cabeça quebrada/Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê.
A tia do maternal agora ensina assim: “Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar”. Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, melodia de Heitor Villa Lobos e letra da Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.
Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichanos. A Sociedade Protetora dos Animais cairia em cima com processos.
Quem entra na roda dança, nos dias atuais. Não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil, estimula o sexo sem amor, a vulgaridade.
Ninguém mais canta: “Pai Francisco entrou na roda, tocando seu violão, vem de lá Seu Delegado, e pai Francisco foi pra prisão”. O pobre do Pai Francisco foi preso apenas por vadiagem, mas atualmente ficaria sob a suspeita de ser traficante.
Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não lembrar à garotada a desigualdade de renda entre os homens. Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda] foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado.
Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse que algum filho estava militando na causa da preservação do mico-leão-dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.
Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do humor, da criatividade, da divertida sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.
Daqui a pouco só chamaremos o anão - o popular pintor de roda-pé ou leão-de-chácara de baile infantil - de deficiente vertical. O crioulo - vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) - só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo - o famoso branco azedo ou Omo total - é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação. A mulher feia - aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno - é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo - outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, “Orca, a baleia assassina” e bujão - é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto-de-fome, pau-de-virar-tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.
Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.
O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra puta-que-o-pariu e o centroavante pereba tomar no olho-do-cu, cantaremos nas arquibancadas o allegroda Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de “Jesus, Alegria dos Homens”, do velho Bach.
Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé-na-cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro-funeral, o popular tá-mais-pra-lá-do-que-pra-cá,  já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a "melhor idade".
Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do Pé-Junto.
Luiz Antônio Simas
(Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Roda de Viola"


"Cumadres" e "Cumpadres"!!!

É praticamente impossível explicar com palavras o que foi "A Viola Em Noite De Gala Em Belo Horizonte-MG", no dia 18/01/2011!!!


Verdadeiro Momento Histórico para a Viola e para a autêntica Música Caipira Raiz, esse evento, que teve lugar no Minas Centro, na Capital Mineira, foi uma realização do IBVC - Instituto Brasileiro da Viola Caipira (http://www.ibvc.org.br) sob a coordenação de Margaret Lemos, Pedro "Pinho" Lemos e João Araújo!!!

A emoção de ter recebido o Prêmio Rozini de Excelência da Viola Caipira, na Categoria "Site", foi algo que realmente "não tem preço"!!!

Essa premiação nacional aconteceu na noite de 18/01/2011 e envolveu os maiores expoentes de todos os tempos, em 23 categorias, o que contemplou toda a "cadeia produtiva" de um dos Instrumentos Musicais mais importantes da Cultura Brasileira.

A noite foi maravilhosa e, após a Entrega do Prêmio, além da Apresentação de Chico Lobo e Pereira da Viola no Minas Centro, teve também uma "Roda de Viola" que durou até às 06:00 da manhã, no SESC Venda Nova, onde estávamos hospedados!!! Pereira da Viola e Índio Cachoeira, dentre outros, pontearam a Viola durante essa inesquecível madrugada!!!

Fiz uma atualização na Página Inicial do www.boamusicaricardinho.com (a página na qual "o trem apita") com a informação sobre o Prêmio Rozini e também o link para uma nova página que criei no site, com diversas fotos e informações mais detalhadas sobre a Premiação!!!
 
Seguem também dois arquivos "zipados" os quais totalizam 234 fotos por ocasião do Prêmio Rozini de Excelencia na Viola Caipira de 18/01/2011.
 
Os dois arquivos se encontram nos dois links abaixo:
 
 
http://www.sendspace.com/file/8w9j4k
 
http://www.sendspace.com/file/sng1dj


Parabéns a todos os que foram premiados e também à "Cumadre" Margaret, ao "Cumpadre" Pinho e ao "Cumpadre" João Araújo que tornaram possível esse maravilhoso evento!!!

Bastante Sucesso a todos!!!

Recebam, mais uma vez um grande abraço de Netinha e Ricardinho!!!



Com um grande abraço do Ricardinho!